terça-feira, 3 de junho de 2008

LEMBRANÇAS DE ROSA MARIA PANICALI







ENTREVISTA COM ROSA MARIA PANICALI

Para quem não conhece, Rosa Maria Panicali tornou-se um nome na música popular brasileira, ao vencer o concurso “A mais bela voz colegial”, em 1968, realizado pela extinta TV TUPI. Apresentado por Meire Nogueira e Duarte Moreira, sob a direção de Goulart de Andrade, Fernando Faro e Theóphilo de Barros.
Aos 17 anos, venceu este concurso, dentre aproximadamente mais de mil jovens inscritos, cantando canções de Edu Lobo, Vinicius de Morais e Oscar de Castro Neves. Como prêmio, além de troféu e reportagens em revistas e Jornais, recebeu uma viagem com acompanhante para os Estados Unidos, U$2000, contrato em uma gravadora e na TV TUPI como cantora exclusiva, onde permaneceu por cinco anos.

Ping- Pong:

Mariana - Você iniciou sua carreira muito novinha. Seus pais a apoiavam ou tinham algum preconceito pelo fato de tão nova cantar nos bares das noites paulistanas?
Rosa - Em termos, pois além de cantar na TV, fazer Shows, sempre acompanhada por alguém da família, continuei a estudar. Nas noites, só cantei profissionalmente no Bar Farney’s in, do grande nome da MPB, Dick Farney, onde tive a honra de cantar junto com esse grande músico mas sempre acompanhada de um familiar. Também cantei por uns dois anos no bar JOGRAL, neste antes até de me tornar profissional (tinha uns 15 anos) e ia sempre “escondida” da minha família, por isso nunca trabalhei oficialmente, mesmo tendo sido convidada e ser considerada “prata da casa”.
Mariana - Sua história teve um começo muito cedo e um final também. Qual foi o motivo do abandono dos palcos?
Rosa – Bem, como era muito jovem (18 anos na época, era considerada uma menina), quando começaram a surgir viagens em que eu teria que ir sozinha, houve um descompasso familiar. Nesse ínterim, comecei a namorar (com quem me casei), e ele, embora não externasse em palavras seu descontentamento, deixava claro pelas atitudes, que não gostava. Assim sendo, optei por abandonar precocemente a carreira.

Mariana - Você pretende voltar a cantar?Se não, por qual motivo?

Rosa - Meu tempo já passou.

Mariana - Qual foi a música que mais marcou sua carreira?

Rosa - Canção do Amanhecer de Edu Lobo e Vinícius de Morais.

Mariana - Por que o Silvio Santos te chamou para trabalhar com ele?

Rosa – Silvio Santos arrendava horários na Tupi, e seus programas eram independentes. Ele gostava de mim, me achava engraçada (?) e sempre me convidava para participar de seus programas.
Mariana - Qual era o seu papel nos programas dele?

Rosa – Cantava, era Jurada de vários concursos que ele promovia e outras participações.

Mariana - Você freqüentava muitos bares, shows, programas de televisão. No meio de tantos, provavelmente conheceu diversos nomes da música popular brasileira. Quem você conheceu e com quem você chegou a tocar?

Rosa – Foram vários: Toquinho, Caetano, Gil, Gonzaguinha, Ivan Lins e muitos outros.

Mariana - Aproveitando o fato de que você estava por perto desses grandes ícones e vivia no meio deles. Gostaria de saber se chegou a namorar ou paquerar algum ídolo?

Rosa – Que pergunta!!!!!! Paquerar, somente um ator da extinta Tupi, que hoje é um grande diretor de novelas. Namorei, por pouquíssimo tempo, um jovem músico, que hoje é um grande maestro. É importante esclarecer que o “paquerar” e “namorar” da época, é completamente diferente do “ficar” de hoje. (risos)

Mariana - Quase todos os cantores seguem um estilo musical. Você seguiu o perfil de algum ou criou seu próprio estilo?

Rosa – Todas nós, jovens cantoras da época, tínhamos Elis Regina como o maior ídolo a ser seguido. Eu também cantava as músicas por ela interpretadas, porém sempre procurei imprimir o meu estilo.

Mariana - O que você fez após abandonar a carreira musical?

Rosa – Continuei estudando, me formei em Ciências Econômicas e Pedagogia, formei uma grande e linda família, com quatro filhos maravilhosos. Abracei a carreira de educadora, assumindo cargos de Diretor de Escola e Supervisor de Ensino.
Mariana - Hoje você se considera uma mulher feliz e realizada fora dos palcos?

Rosa – Embora me sinta plenamente realizada profissionalmente e pela família que formei, acho que se pudesse voltar no tempo, não abandonaria a carreira, que era bastante promissora.


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